As leituras que serviram de base para construir esse texto são:
SCALDAFERRI, Dilma Célia Mallard. Concepções de tempo e ensino de história. História & Ensino, v. 14, p. 53-70, 2008.ABUD, Katia Maria. TEMPO: a elaboração do conceito nos anos iniciais de escolarização. Historia, Rio Grande, 3 (1): 9-17, 2012.BARROS, José D.'Assunção. A historiografia e os conceitos relacionados ao tempo. Dimensões, n. 32, p. 240-266, 2014.BARROS, José D.'Assunção. História, espaço e tempo. Interações necessárias. Varia história, v. 22, n. 36, p. 460-475, 2006.
Entender e dar sentido ao tempo é bem mais simples que explicá-lo se por ventura alguém questionar seu significado. Esse pensamento resume a citação de Santo Agostinho utilizada por Dilma Mallard em seu texto sobre "Concepções de Tempo e Ensino de História". Talvez essa complexidade em conseguir explicar o que é o tempo seja uma das causas do grande debate sobre as diferentes formas de entendê-lo e as possibilidades de trabalhar suas compreensões no ensino de história.
Para a ciência histórica o passado não pode ser compreendido como uma realidade totalmente desconexa do tempo presente. A ideia de um passado sem conexão com o tempo presente causou para a ciência histórica uma série de indagações filosóficas sobre a real necessidade em se pesquisar aquilo que parecia ser a força motriz da história, o passado.
Como José Barros bem expõe, Marc Bloch convida não só os historiadores, mas os demais cientistas a repensarem as bases da ciência histórica.
Bloch mostra uma nova forma de compreender o trabalho, ou ofício, do historiador. Definindo a história como a ciência do homem no tempo, Marc Bloch já consegue expor uma outra maneira de compreender a relação do historiador com o tempo. Saber sobre o passado não é o que move a ciência histórica.
Com o texto de José Barros também é possível compreender noções sobre o tempo que conseguem expor a relação profunda do historiador com o tempo. Com as noções sobre estrutura e processo, quais o autor se preocupa em apresentar, as perspectivas sobre o passado e presente são ampliadas.
Esses conceitos são bem importantes para o historiador compreender as rupturas, continuidades e descontinuidades ao longo do tempo. Com isso, as conexões entre o que compreendemos como presente e o que entendemos como passado ficam evidentes. Percebemos então uma relação de permanências e mudanças.
Mais especificamente no ensino de história, como é comentado por Katia Abud, tem sido uma prática frequente da escola considerar que apenas as datas dos acontecimentos conseguem localizar temporalmente o aluno.
A autora deixa claro que somente entender a datação desses acontecimentos não possibilita situar o aluno historicamente. Afirma que é necessário perceber que os fatos históricos que acontecem ao seu redor decorrem de uma dinâmica das relações espaciais e se estabelecem em uma multiplicidade temporal.
Dilma Mallard expõe que é preciso que as atitudes escolares ajudem a compreensão da noção de tempo em suas diferentes dimensões.
O autor Marcus Vinícius Monteiro ajuda a pensar a compreensão e ensino do tempo quando comenta sobre não se definir o tempo como um "ser" metafísico inalcançável, mas enquanto resultado da interação, experiência e construção humana sobre ele.
Para o historiador o tempo também pode ser visto como uma fábrica. As estruturas e os processos são o seu maquinário. As suas diversas fontes são sua matéria prima. Sua demanda de produção são as problemáticas atuais. Seu produto final, a historiografia, é oferecido para expor e pensar as continuidades e rupturas que foram responsáveis pela construção do tempo presente. Dessa forma, buscando soluções para problemáticas atuais. O historiador, tanto na pesquisa quanto no ensino, não é um antiquário, pois em suas narrativas o passado se interessa bem mais pelo presente do que somente pelo passado por si só.
Texto de Wendell Machado Cordovil (lattes: http://lattes.cnpq.br/5358878159534108)
Comentários
Postar um comentário