BREVES REFLEXÕES DAS DISCUSSÕES EM SALA SOBRE A HISTÓRIA RELATO, A HISTÓRIA PROBLEMA E AS ESPECIFICIDADES DO OFICIO DO HISTÓRIADOR
Texto produzido por
Eliandra Gleyce Dos
Passos Rodrigues ¹
Universidade Federal do
Pará.
Graduanda em licenciatura
em História
Campus Ananindeua.
BREVES REFLEXÕES DAS DISCUSSÕES EM SALA SOBRE A
HISTÓRIA RELATO, A HISTÓRIA PROBLEMA E AS ESPECIFICIDADES DO OFICIO DO HISTORIADOR²
Como
se escreve a história? O que é história? Pra que serve a história? E como se
aprende ou se ensina história? Esses e outros questionamentos se têm colocado
para os professores de história e pesquisadores historiadores, entretanto
noções sobre o que é a história e para que serve ?! São questionamentos em que
sua própria base é histórica, nascidas e providas também pela própria filosofia
da história, porém segundos alguns historiadores e pessoas de outras vertentes da
ciência sociais e humanas também compram a ideia sobre o que é ou o que seria a
história, se sua apresentação é narrativa ou cientifica e para, além disso, o
debate se insere em uma conjuntura mais ampla que nos merece atenção, isto é a
da teoria da história, olhar os debates na historiografia e as discussões que
se tem sobre as fontes bem como metodologias e recorte temporal, nos dá maior
embasamento para tentar compreender ou compreender tal problemática.
Segundo
Silva e Silva (2010) a ideia de significações sobre a história estão em
constante mutação e tal mutação chega a sala de aula, porém segundo os autores é
necessário fornecer “ instrumentos para que seus estudantes possam compreender
a complexidade da história e a dificuldade de se responder à pergunta “ o que é
História?”( SILVA e SILVA, 2010, p. 182).” Levando em consideração tal
instigação, não por ser somente fruto de nossa contemporaneidade como por observar que a base dela vem desde a
época de Heródoto, e chega a própria questão dos iluministas por romper a ideia
de passado/presente, trevas e luz por
meio de ideais de progresso; e observa-se também que o debate chega até os
chamados positivistas da escrita da história, se a melhor feita da história se
daria pelos documentos oficiais, ou melhor é que se propõe que os
documentos oficiais são os vestígios e testemunhas do passado que compõe
melhor e maior veracidade dos fatos e verossimilhança daquilo que se busca enquanto objeto, analisar e explicar, como se por si só a fonte se auto explicasse
e auto respondesse também, tal conceito como sobre o que é observado nos leva a
crer em uma objetividade da história, estática em que se conhece o passado
bruto pela documentação e seus vestígios, precisando ser reunida como se fosse
um grande quebra cabeças, mas essa ideia é colocada em xeque quando a escola
dos Annales, escola franceses propõe desde a sua primeira à terceira geração o
uso de varias fontes, ampliando assim o olhar e a percepção dos historiadores de como é a história , o
próprio Marc Bloch coloca a história como sendo parte de um presente em que os
homens que as escreve, e que são mais semelhantes entre si, do que com seus
antecessores ou seja os seus pais, em seu livro o oficio do historiador termo
usado por ele como mais parecidos com os próprios homens de seu tempo, os
contemporâneos.
A própria ideia de que se é possível criar uma história única e que ela se faz pela escrita somente vem de uma concepção nacionalista e indenitária, em que a consciência história justifica o reconhecimento entre o que deve ser exposto ou não, é como se houvesse ‘culturas’ superiores e outras que fossem subversivas ( como se a cultura fosse julgável ? e as culturas que não possuem escritas, elas também não tem história?) , porém toda essa discussão esta em volta da erudição, isto é o do discurso que se sobressai ou que se tem maior poder, quando olhamos para os positivistas podemos observar que as influências de Ranke por serem forte, tomava dentro de seu tempo e espaço a colocação de debates de uma história documental verídica, um passado contado por meio da materialidade, dados econômicos e quantitativos tomando ressignificação no campo com a chegada da escrita dos annales que mais posteriormente propõe uma história por meio de dialogo e interdisciplinaridade, a dinâmica passado/presente e presente/passado.
Operários, obra de Tarsila do Amaral de 1933. |
Isto é, se escreve, ou melhor, só se
consegue escrever ou ter-se algo em escrito do passado por meio desse presente
em que vivemos, das instigações que temos que nos permite à partir de tais problematizações
buscar no passado ver por esse presente e esse presente em que vivemos
só consegue ser respondido porque suas estruturas está ou estão fundadas no
passado, logo há uma dinâmica e não compactuando com a ideia de um passado estático, o
mestre da vida aquele que se tem como exemplo para não ser repetida pelas
próximas gerações, isto cai na questão que Le goff 2003 membro da escola dos
annales, coloca como o problema da ideia da historia ter se tornado como “a
ideia da história como historia do homem foi substituída pela ideia da história
como história dos homens em sociedades. ( LE GOFF, 2003, p. 08)”
Mas
se refletirmos que logo não se existe passado, porque então a historia que se escreve
e é sempre a atual e presente do homem?! Então não há um passado bruto e
estático mais um que interage e a historia que se busca responder não os
fatos porém apenas responder a base de
causas e consequência sem levar em consideração as particularidades , denota
então evidencia de que a historia é a historia dos homens enquanto trajetória e
suas ações na sociedade e não mais apenas como seres individualistas voltada a
grandes homens e a historia dos grandes eventos e feitos, a historia não é
neutra, é seletiva o que se pretende perpetuar para as futuras gerações, estão
dentro dessas concepções do que, o que é que se busca no passado em meio o
presente, Le goff (2003) também nos lembra que a ideia dos grandes atos de um homem representando na sociedade, é preciso ver minuciosamente as partes e a tomada das
proporções e as dimensões tomadas e analisadas especificamente temporalmente,
ele nos lembra que a natureza , também ganha protagonismo podendo ou não ser
excluída do processo histórico, quando se olha por exemplo para o calendário,
tal como o conhecemos , notamos que a forma de como nós nos situamos e
domesticamos o tempo não se exclui a natureza que a priori marca o que é dia,
ou o que é noite dentro de um processo de tempo e da nossa vida, a notoriedade da
natureza se sobressai a nós por exemplo, olhamos o protagonismo do calendário ,
ou próprio tempo da agricultura tempo do crescimento e colheita, cuja qual o
homem pouco interfere, ou consegue de fato interferir assim como as fases da lua exercem suas influências sobre a maré.
Todavia é dentro de tal colocação de estudos
históricos que Le goff (2003) menciona que a
historia é atual porque surge da necessidade de nosso tempo, porque a vivemos e
presenciamos contudo para ele a erudição o ato da oralidade dessa transmissão
que perpetua-se em uma cultura história
de memória do qual o próprio discurso da historia se dá pela retórica, desta
forma se percebe que a história não é ‘’factual’’ e nem ”estática’’ é um processo de construção inacabado que se faz presente da necessidade
do historiador, não é o passado o objeto central do nosso oficio e sim as
transformações, as relações, as dinâmicas ocorridas as continuidades e descontinuidades
presentes que se busca nesse tempo em que já não mais existe, para ele “ os documentos
chegam a abranger a palavra, o gesto’’ ampliando assim os conceitos e estudos
para o oficio do historiador.
Referencias
[2] Este trabalho foi fruto da Prova
avaliativa passada na disciplina sobre História, memória e cultura histórica.
LE
GOFF, J. Prefácio e História. In: História e
Memória. 5 ed. Campinas, Sp, ed. Unicamp, 2003, p. 04 -46.
SILVA,
K.V, e SILVA, M.H. Dicionário de
conceitos históricos. 3 ed. São Paulo: contexto, 2010 p. 182 -185 , Memória
p. 275 – 274.
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